"O nosso verdadeiro papel, como educadores, é o de remover dificuldades. Cada criança traz das regiões divinas algo de novo para o mundo, e é nossa tarefa como educadores a remoção dos obstáculos físicos e psíquicos do seu caminho, de forma a permitir que seu espírito penetre a vida em total liberdade."Rudolf Steiner
Em um bate papo dia desses, o também colunista deste jornal, Dauto Barros, sabiamente falou: “Se um dia você quiser melhorar o mundo, comece educando as crianças. Se um dia você Jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 25 de Junho de 2011. [email protected] Pág. 12 quiser piorar o mundo, comece educando as crianças”. Esta é uma grande verdade: a educação é um dos mais poderosos instrumentos de transformação social: para o “bem” ou para o “mal”. Embora possa nos parecer que promover a “educação” seja de responsabilidade única e exclusiva da instituição “escola”, o ato de educar está presente nos diversos segmentos da sociedade em que vivemos. Isso inclui desde a família até as diferentes mídias, passando pelas portas do comércio, da indústria e chegando até as instituições religiosas: cada um exercendo o papel que lhes cabe nestes processos sociais - de acordo com suas escolhas individuais ou coletivas – para o “bem” ou para o “mal”. E a perpetuação do preconceito, a meu ver, faz parte da segunda opção. Esse momento de devaneio reflexivo recorda-me a lei N. 11.645/2008, que inclui no currículo oficial da rede nacional de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Esta magnifica iniciativa das autoridades nacionais, em vigor desde o ano de 2008, só não é mais bela devido à necessidade do uso da “obrigatoriedade”. É triste pensar que em pleno século XXI, ainda tenhamos que recorrer a esta palavra para falar de algo do qual deveríamos muito nos orgulhar: nossa identidade, que também é fruto de raízes africanas e indígenas. Somos o resultado de uma “mistura” bem democrática: de todas as cores, de todas as etnias, de todas as culturas, de todos os credos, de todas as religiões. E como tal, devemos entender que as “conquistas” que tivemos, temos e teremos enquanto povo se deve a esta miscigenação, tão bela e tão importante. Valorizemos o que vem de todos: sejam brancos, negros, amarelos, vermelhos ou o nome que você quiser atribuir a cada uma das diferentes etnias da raça humana. Mesmo com toda esta diversidade, a posição “pré-conceitual” de muitos membros de nossa sociedade, ainda existe. E para mudar a educação, temos que mudar a forma de pensar de muitas das pessoas que estão frente a ela – e isso inclui todos os segmentos sociais. Utópico demais para você, caro leitor? Então resta-nos a velha e boa “esperança” em acreditar que se nós, enquanto cidadãos, mudarmos nossa postura diante do mundo, a escola e as demais instituições sociais educativas (formais ou informais) também mudarão, devagar e sempre. Isso permitiria a introdução de novos conceitos, novas ações e novas perspectivas idealizadas através de uma nova educação de nossas crianças. Novas formas de educar resultarão em novos olhares, vindos de “novos” ou “velhos” membros que poderão formar uma sociedade mais justa, mais humana e igualitária. Para isso deixar de ser um sonho distante para se tornar o começo de uma possível realidade, o primeiro passo é quebrar nossos antigos e “preconceituosos” paradigmas internos e externos, iniciando-se pela forma nada amistosa com que muitos de nós vemos as raízes religiosas destes ou de quaisquer outros povos deste imenso mundo criado por Deus. Souza e Souza (2008) afirmam que: “O preconceito relativo às práticas religiosas afrobrasileiras está profundamente arraigado na sociedade brasileira por estas estarem associadas a um grupo historicamente estigmatizado e excluído, os negros e os índios.” E você leitor, o que pensa sobre isso? Nós, da Féducação, acreditamos que todas as tradições místicas (religiões) que praticam a caridade, a bondade e buscam a Deus são sagradas e, portanto, merecem nosso respeito. E não há como falar das culturas afro-brasileira e indígena sem falar de suas crenças espirituais que, permitam um comentário à parte, são dignas de nossa admiração. Mestre Rubens Saraceni, educador nato, Balorixá da Umbanda e médium com mais de 50 livros já publicados, em entrevista cedida ao nosso jornal, dá sua opinião sobre esta evolução no processo educacional de nosso país: “A cultura negra e a cultura indígena não faz muita separação no dia-a-dia entre o religioso e o profano. Eles entendem que a vida é o decorrer de um conjunto de coisas. A comida está associada à religiosidade, os hábitos familiares estão todos associados ao religioso na vida deste cidadão comum. Ele carrega o dia inteiro o seu colar no pescoço, seu amuleto de proteção. A vida dele é um todo, não é separado como nós fazemos hoje: à noite vou ao centro, durante o dia cuido do meu trabalho. Para eles continua sendo um todo (onde se preserva esta cultura) e as escolas brasileiras que adotarem este ensino. Espero que se aprofundem muito nestes aspectos. Isso é importantíssimo. Eu me lembro de que quando eu era criança, isso a 50 e poucos anos atrás porque estou com 60 anos, nós íamos à escola e logo no começo, terceiro ano, começávamos a estudar história. Tínhamos que saber quem era Napoleão Bonaparte, quem tinha sido Júlio Cesar, quem tinha sido Alexandre Magno e no ginásio a mesma coisa. Mas ninguém queria saber de onde vieram estes negros que hoje estão no Brasil, qual a raiz deles, o que aconteceu lá, suas histórias, porque eles são parte do povo. Tinha um grande estudo sobre a cultura grega. Claro que é necessário que se continuem esses estudos, eles são importantes, mas que se Jornalnacionaldaumbanda.com.br São Paulo, 25 de Junho de 2011. [email protected] Pág. 13 desenvolva um estudo profundo adaptado ao ginásio e ao colegial sobre a cultura africana e a cultura indígena brasileira e sul americana também. Eu acho muito positivo e parabéns a quem batalhou por essa iniciativa.”. As palavras do Mestre Rubens Saraceni nos inspiram a “apreender” uma importante lição: todos somos iguais perante a lei de Deus e a lei dos homens (a constituição nacional e a declaração dos direitos humanos nos garante o cumprimento desta segunda). Valorizemos então todas as “sabedorias” – a educação é de todas as cores. Todos somos importantes, todos temos o que aprender e ensinar uns aos outros, sem distinção. E viva O RESPEITO à diversidade! Enviado por: Juliana de Paula* Juliana de Paula é Pedagoga pela Universidade de São Paulo. Consultora pedagógica, educomunicadora, terapeuta naturista, conferencista e responsável pela divulgação no Brasil do Projeto Mundial “Féducação”, um novo conceito pedagógico criado por ULRICH HARLAN (B. A. Paramadvaiti Swami), baseado no amor, respeito próprio e liberdade.
Acesse:http://feducacaobrasil.blogspot.com/ ehttp://centrodecuraplanetaria.blogspot.com/
Fonte: Portal dos Anjos e das Estrelas de Avalon
Por: Lisa Teixeira
www.muraldecristal.blogspot.com
Setembro / 2011