COOPERAÇÃO NO LUGAR DA COMPETIÇÃODo blog ECOnsciência
Em meio bilhão de anos o nosso planeta conheceu cinco grandes extinções em massa, praticamente uma em cada cem milhões de anos, em que foi exterminada grande parte da vida no mar e na terra. A última ocorreu há 65 milhões de anos, quando foram dizimados os dinossauros entre outros. Até agora todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio Universo e da Terra, a exemplo da queda de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas. O problema é que a sexta está sendo acelerada pelo próprio ser humano, alerta o teólogo Leonardo Boff.
COMO ENFRENTAR A SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA?por Leonardo Boff *
O ser humano, nos últimos tempos, inaugurou uma nova era geológica – o antropoceno – em que ele comparece como a grande ameaça à biosfera e o eventual exterminador de sua própria civilização.
Há muito que biólogos e cosmólogos advertem a humanidade de que o nível de nossa agressiva intervenção nos processos naturais está acelerando enormemente a sexta extinção em massa de espécies de seres vivos. Ela já está em curso há alguns milhares de anos. Estas extinções, misteriosamente, pertencem ao processo cosmogênico da Terra.
Nos últimos 540 milhões de anos ela conheceu cinco grandes extinções em massa, praticamente uma em cada cem milhões de anos, exterminando grande parte da vida no mar e na terra. A última ocorreu há 65 milhões de anos quando foram dizimados os dinossauros entre outros.
Até agora todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio universo e da Terra a exemplo da queda de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas.
A sexta está sendo acelerada pelo próprio ser humano. Sem a presença dele, uma espécie desaparecia a cada cinco anos. Agora, por causa de nossa agressividade industrialista e consumista, multiplicamos a extinção em cem mil vezes, diz-nos o cosmólogo Brian Swimme em entrevista recente no
Enlighten Next Magazin.
Os dados são estarrecedores: Paul Ehrlich, professor de ecologia em Standford calcula em 250.000 espécies exterminadas por ano, enquanto Edward O. Wilson de Harvard dá números mais baixos, entre 27.000 e 100.000 espécies por ano.
O ecólogo E. Goldsmith da Universidade da Georgia afirma que a humanidade ao tornar o mundo cada vez mais empobrecido, degradado e menos capaz de sustentar a vida, tem revertido em três milhões de anos o processo da evolução.
O pior é que não nos damos conta desta prática devastadora nem estamos preparados para avaliar o que significa uma extinção em massa. Ela significa simplesmente a destruição das bases ecológicas da vida na Terra e a eventual interrupção de nosso ensaio civilizatório e quiçá até de nossa própria espécie.
Thomas Berry, o pai da ecologia americana, escreveu:”Nossas tradições éticas sabem lidar com o suicídio, o homicídio e mesmo com o genocídio mas não sabem lidar com o biocídio e o geocídio”.
Podemos desacelerar a sexta extinção em massa já que somos seus principais causadores? Podemos e devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa responsabilidade pelo futuro da vida.
É o universo que suscita tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo.
O primeiro que importa fazer é renovar o pacto natural entre Terra e Humanidade. A Terra nos dá tudo o que precisamos. No pacto, a nossa retribuição deve ser o cuidado e o respeito pelos limites da Terra. Mas, ingratos, lhe devolvemos com chutes, facadas, bombas e práticas ecocidas e biocidas.
O segundo é reforçar a reciprocidade ou a mutualidade: buscar aquela relação pela qual entramos em sintonia com os dinamismos dos ecossistemas, usando-os racionalmente, devolvendo-lhes a vitalidade e garantindo-lhes sustentabilidade. Para isso necessitamos nos reinventar como espécie que se preocupa com as demais espécies e aprende a conviver com toda a comunidade de vida. Devemos ser mais cooperativos que competitivos, ter mais cuidado que vontade de submeter e reconhecer e respeitar o valor intrínseco de cada ser.
O terceiro é viver a compaixão não só entre os humanos mas para com todos os seres, compaixão como forma de amor e cuidado. A partir de agora eles dependem de nós se vão continuar a viver ou se serão condenados a desaparecer. Precisamos deixar para trás o paradigma de dominação que reforça a extinção em massa e viver aquele do cuidado e do respeito que preserva e prolonga a vida.
No meio do antropoceno, urge inaugurar a era
ecozóica que coloca o ecológico no centro de nosas atenções. Só assim há esperança de salvar nossa civilização e de permitir a continuidade de nosso planeta vivo.
*
Leonardo Boff é autor, com Mark Hathaway, de ‘O Tao da Libertação: Explorando a Ecologia da Transformação’, Vozes 2011.**
As paisagens que ilustram o post são do artista chinês Hong Leung. (clique nelas para ampliar)Leia mais em: http://www.materiaincognita.com.br/ser-humano-acelera-risco-de-extincao-em-massa-na-terra/#ixzz1nxff1SQU
loading...
Obviamente não estamos no período Permiano, mas a lição do passado sobre a mudança ambiental é clara (Marcelo Gleiser - Folha) A extinção em massa mais famosa da história do nosso planeta é, sem dúvida, a que acabou com os dinossauros e cerca...
Não é apenas o ar, o solo ou os rios que são afetados pela atividade humana. De acordo com uma equipe internacional de cientistas, oceanos já dão sinais de extinção em massa da vida marinha. O alerta consta de um relatório apresentado hoje por...
Em termos de evolução, a espécie Homo sapiens é extremamente bem sucedida. As populações de outras espécies posicionadas semelhantes a nós na cadeia alimentar tendem a chegar, no máximo, na casa dos 20 milhões.Nós, pelo contrário,...
Recursos naturais podem ter colapso em 40 anos, dizem especialistas. Previsão foi divulgada nesta segunda durante conferência em Londres. Por hora, três espécies de animais desaparecem do mundo, diz pesquisador. Uma previsão catastrófica...
Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão “aquecimento global”esconde...